Ossadas de animais e objetos do período colonial são achados
durante a reforma do Convento do Carmo
Itens revelam a
história escondida no casario de 1590, na Praça Quinze
Fonte: O Globo -
Letícia Lopes*
05/09/2019 - 04:30 /
Atualizado em 05/09/2019 – 04:33
A construção,
tombada pelo Iphan e pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural
(Inepac), deixou de ser a casa dos carmelitas no início do século
XIX para se tornar a moradia da Rainha Maria I, de Portugal, mãe de
Dom João VI, que chegou ao Brasil em 1808 junto com a família real.
A possibilidade de a obra revelar mais um sítio arqueológico no
Centro do Rio já havia sido mencionada pela equipe que faz a reforma
em janeiro, pouco depois do início da restauração.
Com 429 anos de
história, o casario de três andares pertence hoje ao governo do
estado. O imóvel já foi a sede do Instituto Histórico Geográfico
Brasileiro e ocupado pela Universidade Candido Mendes. Desde a
construção, em 1590, a edificação passou por mais de dez
intervenções em sua estrutura. A atual reforma, que deve ser
concluída em 2022, vai custar R$ 14,5 milhões e está sendo bancada
pela Procuradoria-Geral do Estado do Rio, cuja sede fica nos fundos
do imóvel. Em troca, o órgão ocupará parte do antigo convento.
— É um prédio
importantíssimo para a história política, religiosa e cultural.
Estamos lidando com algo que conta cada passagem do Rio e do país.
Temos que ter muito carinho e cuidado e valorizar bastante cada
achado. No quintal do convento, é quase óbvio que serão
encontrados vestígios de animais, não somente dos que eram criados,
mas até dos que eram consumidos. Além do mais, estamos falando de
uma época em que não existia coleta de lixo. Então, jogavam no
quintal garrafas, copos, ossos de animais, e isso tudo acabava sendo
enterrado quase que naturalmente nos terrenos — explicou o
historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti.
Para Cavalcanti, por
conta da proximidade do antigo convento com a Igreja Nossa Senhora do
Carmo da Antiga Sé, existe a possibilidade de ossadas humanas serem
encontradas na região do casario:
— Todas as igrejas
coloniais, sem exceção, tinham um cemitério. Então, se cavar onde
hoje está a Rua Sete de Setembro e um pouco para dentro, vão
encontrar vestígios humanos. Além disso, também é possível que
encontrem vestígios indígenas, já que toda essa orla era ocupada
por tribos tupis.
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